A ciência do comportamento suicida e os efeitos de “13 Reasons Why”

By Tiago Zortea.

Em 2014, logo após a trágica morte de Robin Williams, diversas reportagens inadequadas  explodiram ao redor do planeta sobre o caso. Devido a isto, escrevi o texto “Suicídio, Mídia e Epidemia”, explicado brevemente sobre o efeito Werther. No fim de março deste ano, a Netflix lançou a série “13 Reasons Why” ou os 13 porquês do suicídio de uma adolescente. A série é controversa e tem dividido opiniões no público em geral. No campo da ciência do comportamento suicida, no entanto, as opiniões tendem a ser unânimes entre pesquisadores e especialistas sobre os possíveis efeitos negativos da série (e.g., [1], [2], [3], [4]). Preocupados com tais efeitos, instituições como Papyrus [5] no Reino Unido, Headspace [6] na Australia, e a própria Associação Internacional para Prevenção ao Suicídio (ligada à Organização Mundial da Saúde) [7] publicaram notas oficiais sobre a série. O efeito Werther é um fenômeno real e, como demonstrado através das referências na nota oficial da Associação Internacional para Prevenção ao Suicídio, o assunto deve ser tratado com responsabilidade e cuidado. Continue reading

Suicídio, Mídia e Epidemia

Versão britânica do jornal “Metro” de 13 de Agosto de 2014

“Revelada a agonia de suas horas finais” é o que promete a versão britânica do “Metro” de 13 de agosto de 2014, jornal gratuito que circula em diversas cidades do mundo, disponíveis em espaços públicos e estações de transportes coletivos. Nas páginas posteriores, o jornalista descreve minuciosamente os passos do ator em direção à retirada de sua própria vida. Este é um entre incontáveis exemplos de como alguns veículos de comunicação social publicam notícias que podem aumentar o risco de epidemia de atos suicidas. Mas como seria possível uma epidemia de suicídios?

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