Por que adolescentes se autolesionam?

Photo by Greta Schölderle Møller via Unsplash. Used with permission.

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By Tiago Zortea

Pesquisadores de Glasgow e Oxford (UK) publicaram um artigo importante no periódico “Crisis: The Journal of Crisis Intervention and Suicide Prevention” em fevereiro de 2016. Para responder a pergunta acima (que leva o título do manuscrito), os pesquisadores avaliaram adolescentes de 14-16 anos em escolas públicas. Dentre os vários motivos relacionados ao comportamento de autolesão, o principal reportado pelos adolescentes foi “para obter alívio de sentimentos e pensamentos terríveis”. O segundo principal motivo foi “para morrer”, seguido de “para punir a mim mesmo”. O estudo também demonstrou que os adolescentes que responderam que o principal motivo de seus comportamentos autolesivos era “para obter alívio de sentimentos e pensamentos terríveis” apresentaram 17 vezes mais chances de se autolesionarem (numa mesma availação 6 meses depois).

Os pesquisadores afirmam que os dados dão suporte à noção de que, para a grande maioria dos adolescentes, autolesão “não é um ato manipulativo”, mas produto de um contexto de sofrimento terrível junto a outros fatores sociais e psicológicos.

Uma das recomendações e desafios mencionados pelos pesquisadores é encorajar adolescentes a buscarem por ajuda o mais cedo possível, e tentar investigar se o padrão do comportamento de buscar ajuda varia como função dos motivos de se autolesionar. Os autores também enfatizam que o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional e métodos mais efetivos de lidar com situações estressoras e habilidades de comunicação são alternativas altamente recomendadas para clínicos e cuidadores.

Confira o artigo aqui: http://econtent.hogrefe.com/doi/pdf/10.1027/0227-5910/a000369

*Se você não está se sentindo bem e necessita conversar com alguém, entre em contato agora com o CVV-Centro de Valorização da Vida pelo telefone 141 (ligação gratuita de qualquer parte do país).

É difícil ser um homem.

Photo by Scott Webb © 2015. via Unsplash.

A BBC separou a segunda semana do mês de fevereiro de 2016 para falar sobre saúde mental na série chamada “In the Mind”. Durante a programação normal da emissora pública britânica, diversos especialistas, professores, pesquisadores, pacientes, pessoas da população geral participaram desta campanha cujo motivo principal foi informar sobre as questões referentes à saúde mental e ajudar a reduzir o estigma que cerca o tema ao redor das quatro nações que compõem o Reino Unido. Continue reading

Cursos e Workshops Sobre Suicídio e Comportamento Suicida – Brasil 2016

Photo by Austin Ban. © Unsplash.

O índice de mortes por suicídio tem crescido assustadoramente em diversos países, dentre eles está o Brasil. Na última década, houve um aumento de 10% na taxa de suicídios entre jovens de 15 a 29 anos no país. E ao redor do mundo, o suicídio é a segunda maior causa de mortes nesta faixa etária, mostram os dados do último relatório da Organização Mundial de Saúde, publicado em setembro de 2014. Não algo exclusivo desta faixa etária, o comportamento suicida atinge também adultos e idosos. Maiores se apresentam as necessidades de se compreender o fenômeno e delinear métodos mais eficazes de intervenção, tanto no campo do tratamento quanto nas políticas de prevenção.

Durante o mês de Março de 2016, alguns cursos e workshops sobre o tema serão ministrados no Brasil para profissionais de saúde (nas cidades de São Paulo e Vitória) pelo pesquisador de PhD do Suicidal Behaviour Research Laboratory (University of Glasgow, Reino Unido), Tiago C. Zortea. Alguns cursos serão abertos, outros restritos ao alunos ou membros das instituições. Para maiores informações, não hesite em contactar as instituições responsáveis: Continue reading

Suicídio: Observações sobre a tragédia de não mais querer viver

By Tiago Zortea

[Recomenda-se que as notas do texto sejam lidas atentamente]

Essa é uma das questões que talvez menos se cale. Robin Williams nos emocionou tanto nas telas do cinema com obras lindíssimas, pregando o amor, o carinho ao próximo, e o cuidado ao outro como meio de expansão da vida. Na segunda semana de Agosto de 2014, nos chocamos e choramos por sua morte. Morte por suicídio. A pergunta “por que?” permanece. Ecoa em alta voz, cuja continuidade nos perturba e nos assusta pela ausência de uma resposta imediata. Equivalentemente, uma pessoa morre por suicídio [1] a cada 40 segundos em algum lugar do planeta [2]. Nas palavras dos pesquisadores Katie Dhingra, Daniel Boduszek e Rory O’Connor num artigo publicado em Julho de 2015 [3]:

“De fato, o suicídio é responsável por mais mortes a cada ano do que todas as guerras e outras formas de violência interpessoal juntas – significando que há maior probabilidade de morremos pelas nossas próprias mãos do que pelas mãos de outra pessoa [OMS, 2014].”

Veja no diagrama abaixo alguns dados do relatório sobre suicídio publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em Setembro de 2014 [2].

WHO's information

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Choose Life: Prevenção para o Suicídio

Estive hoje (18 de Novembro de 2014) na conferência anual de políticas públicas para a prevenção do suicídio “Choose Life”, na Escócia, promovido pelo NHS Scotland (National Health Service), International Academy of Suicide Research (IASR) e pelo Suicidal Behaviour Research Laboratory (SBRL – University of Glasgow), em Grassmarket Project, Edinburgh, capital escocesa. Choose Life é a estratégia nacional e plano de ação para a prevenção do suicídio na Escócia criada em 2002, um dos programas mais bem elaborados e organizados do mundo. Desde a sua criação, o programa atingiu até 2013 uma atenuação de 19% nos índices de suicídio no país, uma das maiores reduções alcançadas no Reino Unido. A Escócia é considerada hoje uma das maiores referências em implementação de políticas públicas para a prevenção do suicídio.

graph_suicide_scot

O gráfico mostra a redução nas taxas de suicídio em função do tempo, através das médias dos índices a cada três anos. (Extraído de Suicide Prevention Strategy 2013-2016).

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1 pessoa morre por suicídio a cada 40 segundos, afirma o primeiro relatório já publicado sobre prevenção ao suicídio pela OMS

WHO suicide report

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou agora pela manhã (4 de setembro de 2014) seu primeiro relatório sobre prevenção ao suicídio. O documento traz dados alarmantes e alerta a comunidade internacional sobre a importância da implementação de políticas voltadas à prevenção do suicídio. Destacamos alguns trechos:

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